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Cenário pós-pandemia em festas tende a crescer a uma maior valorização em produtores nacionais

  • Foto do escritor: olhar cósmico
    olhar cósmico
  • 10 de mar. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 27 de mar. de 2023

Após previsões da vacina e normalização pelo poder público, produtores e artistas começam a planejar a volta do calendário de eventos e festas eletrônicas para o segundo semestre de 2021.


Com o anúncio do Governo de São Paulo de que até janeiro de 2021 a vacina para a COVID-19 estará disponível no SUS, e a previsão de que a partir de abril de 2021 a situação geral estará normalizada, as especulações para o retorno do mercado de eventos começaram a se aquecer.


É possível observar, de uma forma geral, como foram afetados financeiramente (e emocionalmente), tanto organizadores de eventos, como artistas e staffs dos eventos de música eletrônica.


Partindo de um ponto de vista econômico, é possível notar como a economia do Brasil e do mundo recuou devido às paralisações durante o período de quarentena. Em uma pesquisa do IBGE, é mostrado que o desemprego atingiu 12,2 milhões de pessoas até 11 de julho de 2020. Os mesmos dados mostram que 19,2 milhões de pessoas gostariam de trabalhar, mas não acham oportunidades por conta da pandemia ou por falta de vagas em suas localidades. Com isso, artistas e organizadores de eventos são inseridos nessas estatísticas, uma vez que dependiam, parcial ou totalmente, das festas para obter renda.


Com a questão financeira em jogo, muitos eventos que traziam DJs internacionais terão que se adaptar com o aumento do dólar e do euro. Danilo Motta do Amaral, um dos produtores da Pachamama Festival, comenta que aproveitar a gama de artistas nacionais sempre foi uma ideia presente para os principais organizadores de eventos deste segmento.


Pachamama Festival 2017 — Créditos: Coletiva.a.mente


Ele acrescenta, “o ponto é que, culturalmente falando, o fato de trazer artistas internacionais é sinônimo de evolução e grandeza, além de se tornar um atrativo maior para o público alvo. Com a atual situação, acredito que teremos a chance real de trabalharmos ainda mais com os artistas nacionais e movimentar o nosso mercado de maneira mais efetiva”.


Caio Javelberg, um dos produtores do Katayy Festival, complementa que, após a pandemia, haverá o retorno dos eventos em um formato “menor”, pois com a pausa de meses sem trabalho, isso trouxe um buraco no faturamento e no investimento na cena eletrônica underground. Com isso, o custo a ser investido será reduzido, e ele acredita que haverá um número maior de artistas nacionais nos line-ups.


Katayy Festival 2019 — Créditos: Rodrigo Della Fávera e Ana Quesado Fotografia


Ele finaliza dizendo que “a cultura Trance no Brasil ganhou muito espaço nos últimos anos, e acabou que muitas pessoas se profissionalizaram na produção musical ou como DJ, e com isso, hoje temos artistas nacionais de altíssima qualidade e muitas pessoas se interessando cada ano que passa em viver através da música. Não gostaria de pensar que somente por conta da nossa situação atual, o artista nacional tem que estar presente, mas sim por conta da sua capacidade e qualidade profissional”.


DJs e produtores musicais, como Gabriel Quintiliano, conhecido pelo nome do seu projeto de Experimental com influências de Hitech e Darkpsy, Arkhos, têm uma visão de que para os DJs/Lives nacionais ganharem mais espaço nos eventos, o público precisa apoiar, pois se o público buscar conhecer novos projetos, talvez isso influencie para que os organizadores invistam mais no produto nacional.


Arkhos destaca a importância do público conhecer mais DJs e produtores nacionais — Créditos: Lumini Aurea


“Já ouvi de produtores de eventos que se a festa não contrata projetos de fora, ou seja, internacionais, considerados “de peso”, não atrai tanto o público”, desabafa Lucas Coji de Siqueira Ferreira, produtor musical, conhecido pelo nome do seu projeto de Hitech e Darkpsy, Coji. Ele acredita também que faz um pouco de sentido essa lógica de trazer mais projetos internacionais do que nacionais para o line-up, pela questão da “fetichização” dos brasileiros por tudo que não é de seu país, mas entende que deve existir uma motivação na reeducação do público, onde sugere que poderia partir dos produtores de eventos para começar a incluir mais DJs nacionais aos line-ups.


Coji acredita que uma reeducação do púbico poderá resultar em uma maior valorização dos projetos nacionais — Entheogen — Fotografia Alternativa


Lucas entende que não está somente na inclusão, e sim em como incluir, dando o exemplo de algumas festas que duram um final de semana e escolhem colocar os projetos nacionais na sexta-feira à noite e sábado de manhã, e na madrugada de sábado para domingo e até o final do evento somente os projetos internacionais. Finaliza dizendo que “talvez deva haver uma inclusão maior dos DJs nacionais, e fazendo com que os horários sejam mais distribuídos entre todos.”.


Para os organizadores dos eventos atuarem, fazendo com que ocorra essa valorização aos DJs nacionais em meio a reeducação do público, os eventos precisarão estar de volta. Com isso, é importante destacarmos a segurança do público ao ir no evento. Com a pandemia, o cuidado com a saúde aumentou, trazendo novos hábitos e valores. Agora mais do que nunca, dentro dos eventos, deverá haver uma conscientização mediante o grande número de pessoas, no mesmo local. “Acho que todos nós adquirimos consciência de hábitos de higiene mais intensos e isso vai permanecer após a pandemia terminar”, comenta Bruno Azalim, um dos produtores do Pulsar Festival.

Pulsar Festival 2018 — Créditos: Coletiva.a.mente


Mariana Molina, DJ, conhecida pelo nome do seu projeto de Hitech, Psycore e Experimental, Mariela, diz firmemente sua opinião sobre a volta dos eventos e enfatiza a importância da saúde e higiene do público. “Acho que o básico para o retorno das festas seria diminuir o número de pessoas, tanto no staff, quanto no público. Poucas pessoas, em um local onde comportaria muito mais pessoas. Além disso, o óbvio: providenciar álcool em gel em abundância, copos individuais, e um intenso trabalho das equipes de redução de danos. Eu não me sentiria muito segura, acho eu, mas se fosse para rolar, que fosse nesse molde.”.

Mariela enfatiza a importância dos cuidados necessários ao retornarem as festas — Créditos: Olhar Cósmico


Paulo Enge, produtor do núcleo Cosmic Crew (de festas como Hitech Revolution, Cosmic Samadhi, Cosmic Crew, entre outros), não pensa diferente. Ele diz que ter álcool em gel nos banheiros e em torno da pista é algo concreto. Acrescenta dizendo que placas de conscientização e cartazes dentro do banheiro e na praça de alimentação também estarão inseridas. “Alguns cuidados a mais do comum, dá para ser inserido. Além das questões de higiene, cartazes de conscientização contra o assédio serão colocados no nosso evento.”, finaliza.

Cosmic Crew 15 anos — Créditos: Coletiva.a.mente


O retorno gradativo dos eventos de música eletrônica já é realidade. Foi anunciado pelo Governo de São Paulo, após uma publicação no Diário Oficial de São Paulo, no dia 10 de setembro.


Mesmo que alguns núcleos produtores tenham se posicionado sobre não retornar a atividade esse ano (ou enquanto não houver vacina), é necessário serem adotadas intensas medidas de higiene pelos que optarem pelo retorno, sendo executada uma campanha pela conscientização sobre cuidados básicos para a segurança pessoal e coletiva.


 
 
 

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