Conheça o projeto Mariela
- olhar cósmico
- 14 de nov. de 2023
- 7 min de leitura
Mariana Molina, 28 anos, natural de São Paulo, Capital, redutora de danos da PreParty e atuante formalmente com conteúdo voltado a games e cenário de esports, iniciou sua carreira como DJ após um momento marcante em 2017. Através do seu projeto Mariela, que explora as vertentes dark, hitech, hitecore, psycore, tornou-se participante das crews e gravadoras Damaru Crew, Kali Patrol Records e Kultcha Crew.
Mariana sempre teve contato com a música, desde criança fez aulas de piano e teclado. Além desses instrumentos, sempre teve vontade de tocar bateria, mas conta que nunca deixaram, pois ela já fazia barulho suficiente sozinha, por ser uma criança agitada. Na sua adolescência, frequentava shows, seu ambiente favorito na época, onde já esteve presente em vários juntamente dos seus “amigos de show”.
Foi somente em 2014 que Mariana teve seu primeiro contato com o psytrance, no Ritual Goa Gil, antes disso sua referência de eletrônico eram projetos como DeadMau5, Swedish House Mafia e Skrillex. “Eu sempre entendi música eletrônica como ‘música de balada’ kkk Mas eu não frequentava, então não era muito fã. Com uns 16 anos comecei a ouvir muito DeadMau5, Swedish House Mafia, Skrillex… Achava o máximo! Lembro que fiquei mega triste de não ir ao LollaPalooza de 2012 ver Skrillex ao vivo hahaha.”.
Após seu primeiro contato com o psytrance, sua experiência e jornada só aumentaram. Ao longo do tempo, acabou se filiando a Lilith Crew e produziu eventos como Namastrevas, Cult Of Core 1º edição, Ritual Lilith 3 e várias festas indoors (lilith tretas night e namas13, por exemplo), e em um desses eventos, especificamente no evento Namas13 no início de 2017, (link do evento: https://www.facebook.com/events/225696181205128) teve uma virada de chave que acabou a levando para o começo do seu projeto Mariela. “Senti que deveria tocar na primeira vez que subi no palco. Eu não queria tocar antes disso, nunca QUIS me tornar dj… O pessoal da lilith crew que lançou meu projeto num line-up e falou ‘vai tocar sim’ e aqui estamos. Eles inclusive deram o nome do projeto (que era uma piada interna).”.
No mesmo ano, teve sua primeira experiência na Damaru Crew, e em meados de julho de 2017 filiou à crew produzindo e planejando eventos, parceria que se mantém até hoje. “Eu lembro até hoje do Punk falando comigo numa festa na barra funda... ele chegou dizendo que a Damaru já existe faz muitos anos e nesse tempo lançou projetos que hoje conquistaram muitas coisas e muito espaço. falou que ele via muito futuro em mim e no meu projeto, e que, por causa dessa fé que ele tinha em mim, ele estava me convidando pra fazer parte da Damaru também. De lá pra cá eu tive um suporte sinistro dele, kelly, aninha, xorão, spider e do demondelic que me ensinam desde coisas sobre som, festas e tudo mais como também me dão suporte na vida pessoal assim, é real a família que eu escolhi (na verdade a família que me escolheu né kkk). tenho muito orgulho de carregar esse legado com eles.”.
Suas referências principais no início do projeto foram Arkhos e Innummanno, além dos projetos femininos Calliandra, Luuli, Thaty e Paula. “Eu tocava o live do Arkhos em casa e às vezes em roles dos amigos, então é impossível não citar ele aqui. Na hora de subir no palco, planejar sets, mixagem, intros e samples…a maior referência que eu já tive (e segue sendo a número 1 até hoje) é o Innummanno e na época eu olhava muito pra Calliandra, Luuli, Thaty e Paula como referências de mulheres dentro da cena.”.
Sua maior paixão sempre foi tocar o que ouvia, então desde sempre seus sets foram montados com sons de amigos e músicas do seu gosto, como Phreneticus, Arkhos, Baco Ames, Gangore, Luuli, Cindervomit, Alpscore, Infra, Kopophobia, Kasatka, Marambá. “Eu tive a sorte de ser abraçada por duas crews de muito peso (Damaru e Lilith) desde o começo da minha carreira, então aprendi muito com os melhores: o próprio Xorão e o Punk sempre me ensinaram MUITO sobre mixagem ao longo dos anos e aprendi horrores sobre pesquisa e referência com o Baco Ames e o Gangore.”.
Mariana conta que o maior desafio ao iniciar seu projeto, era o limite entre “fazer por amor” e impor o básico. Há alguns anos atrás as festas não tinham o mesmo peso e tamanho que hoje tem, e por esse motivo as coisas eram um pouco mais complexas. “Eu deixei de receber váááárias vezes, já aceitei tocar de graça vááááááárias vezes…Como que paga conta assim? KKKK não paga, né. Imagina pagar track em euro…”.
Seu projeto tem muito a ver com a sua personalidade, forte e determinada, onde tocar não é apenas por amor, é como um ato de revolução, também. Além de sentir o privilégio, Mariana sente a responsabilidade de transmitir sua mensagem ao público, onde prioriza a igualdade e o respeito. “Tocar é um privilégio mas também é uma responsabilidade, falo isso faz anos. Quando você sobe num palco e se expressa pra pista é necessário entender que além do privilégio existe também a responsabilidade de comandar a brisa das pessoas que estão na sua frente. Por isso tomo muito cuidado na seleção de tracks e projetos que coloco no meu set, porque não posso correr risco de passar a mensagem errada, ou de algo que eu não compactuo. Você nunca vai ouvir uma track que ofende mulheres, que diminui pessoas em geral saindo das caixas de som enquanto eu estiver tocando, porque essa não sou eu e prefiro usar meu tempo de voz pra falar algo mais positivo.”.
Um momento marcante para Mariana e para a trajetória do projeto Mariela foi quando finalizou o seu set na Namastrevas. Ela conta a emoção que foi ver todos os seus amigos na pista e atrás do palco parabenizando-a. “O momento mais marcante da minha carreira foi a hora que eu abaixei os faders do mixer quando meu set acabou na Namastrevas. Nessa hora eu olhei pra cima, vi vários amigos na pista. Olhei pra trás, vários amigos atrás do palco. O Punk virou e disse “caralho, aprovada no TCC”. E aí eu chorei de emoção no palco hahahaha.”.
Outro momento marcante que Mariana compartilha, que acaba se tornando uma curiosidade, é que sua apresentação na Damaru de 2017 era para ser uma surpresa, mas acabaram vazando o line-up antes da hora. “Na Damaru de 2017 eu não ia tocar…Mas na verdade eu estava no line, só que era pra ser surpresa. Porém o Molina vazou o line antes da hora e foi assim que eu descobri: pelo facebook! Ainda bem, porque eu nem pretendia passar em casa antes da festa, mas deu tempo de me organizar pra ir buscar o case.”.
O projeto Mariela atua hoje como DJ set, porém, em 2023, em collab com o seu melhor amigo Lucas Coji, através do projeto Gint Onic Ore - um projeto que já havia sido pensado há muito tempo, mas sem concretização; foi lançada sua primeira música, Sot Err Ado, pela Kultcha Crew no álbum Hang The Goat. “Foi uma experiência libertadora. Eu estava (e ainda estou) com muita coisa guardada condensada querendo ser expressada, e fazer essa música foi exatamente isso: expressão. E tive a honra de fazer isso com o meu melhor amigo, Coji, iniciando o projeto que a gente ensaia desde 2017 para começar.”.
Ela complementou dizendo que a música criada por ela e por Coji foi inspirada em um momento similar no qual os dois estavam passando, tornando a música autêntica e única. “Essa música é uma expressão de um momento mais pra baixo que eu estava vivendo, cheio de questionamentos e uma busca por algo novo; e acho que nós dois estávamos vivendo sensações similares na época, o que tornou a música super autêntica.”. Ela finalizou dizendo que essa foi uma de muitas que ainda estão por vir, e que há 3 projetos em andamento que naturalmente serão lançados.
Seu projeto tem como um significado uma piada interna com seus amigos da Lilith Crew e que mesmo todos a conhecendo pelo nome do seu projeto, Mariela, esse não é o seu nome. “Eu não me chamo Mariela hahaha mariela veio da junção de mari + kali mela (uma festa que não existe mais desde 2016 e que eu fui nessa última edição). Meus amigos da Lilith que me chamavam assim.”.
Uma das lições que Mariana leva durante seus 7 anos de trajetória com o seu projeto é que “você é culpa sua”, lema da Damaru Crew e “respeita minha história”, dando créditos ao seu amigo Diego Demondelic.
Mariela foi um dos projetos anunciados para tocar na Damaru Secret, que aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro em Campo Limpo Paulista, na chácara Pedacinho do Céu. As suas expectativas eram altas. “Absoluto frio na barriga. Tocar é bom, mas tocar numa festa família como a Damaru e saber que ali teve muito sangue, suor e lágrimas MEUS é ainda melhor.”. Após a festa, ela deu um relato de como foi tocar na festa que produziu e planejou juntamente das pessoas no qual considera como sua família. “O set da Damaru foi um dos melhores que já toquei na vida, apesar de eu estar totalmente fora da minha zona de conforto e do que eu costumo tocar...esse ano tenho dado uma desviada do som rápido nas pesquisas e depois de conhecer o som do At Work eu acabei indo MUITO pro lado do freestyle e esses dark freeform que hoje em dia tão ficando mais na moda. Então pegar essa pista entre Grozzny e At Work foi um presente dos deuses porque eu coloquei ali tudo que eu descobri nos últimos meses e eu estava me sentindo mega confortável com a escolha de tracks. Conversei muito com os meninos pra planejar uma transição que não deixasse nenhuma ponta solta e acho que foi exatamente isso que rolou, e fora da parte técnica esse foi COM CERTEZA o set mais emocionante da minha vida. Tocar pros meus amigos, pra minha FAMÍLIA, foi maravilhoso. Ver meus pais e minha irmã na pista me fez ficar com os olhos cheios de lágrima várias vezes, e quando eu saí do palco eu chorei abraçada com eles por uns vários minutos...foi muita emoção ver a festa que eu ralei tanto com os meninos para realizar acontecendo e ainda com tanta gente querida, tudo fluindo tão bem...eu me emocionei de verdade, em vááários momentos.”.
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