Ginecologia natural traz novos caminhos para a saúde e o bem estar da mulher

Movimento ganha cada vez mais especialistas, com o objetivo de uma saúde melhor e sem hormônios para a mulher, trazendo técnicas ancestrais, como banho de assento e vaporização do útero, que auxiliam como antibactericidas, por exemplo.

A Ginecologia Natural vem trazendo empoderamento e melhorias durante o período menstrual da mulher, fazendo com que a mulher tenha a possibilidade de escolher outros meios de tratamentos ginecológicos.

“A ginecologia natural é uma área dentro desse universo das terapias holísticas voltadas para a saúde feminina. Ela resgata saberes e práticas das nossas mães, avós e além delas, para a vida da mulher contemporânea, empodera a mulher sobre seu corpo, sua verdade, sua vida, gerando autonomia e melhorando a relação dela com a sua saúde íntima com a quebra de muitos tabus.” explica a Enfermeira Naturopata com ênfase na saúde feminina, Dra. Bruna Nogueira Ramos.

Uma breve explicação que a Parteira e Raizeira, Thais Messias Moraes, comenta sobre a Ginecologia Natural é que, “a Ginecologia é uma especialidade médica, então as pessoas que trabalham com Ginecologia Natural e que não são formadas em medicina, a gente chama de Terapeutas, porque são saberes diferentes que se complementam, então para trabalhar com a Ginecologia Natural, não necessariamente você precisa ser médica Ginecologista”.

Thais complementa dizendo que os métodos e tratamento dentro da Ginecologia Natural, são imensos e chega até ser difícil de citar todos. “Quando a gente entende que na verdade a Ginecologia Natural faz um resgate de conhecimentos que são ancestrais, que é algo que vem sendo compartilhado de geração por geração, conhecimentos que vieram dos povos indígenas, das pessoas do campo, populações periféricas rurais, a gente vê que existem vários ramos da Ginecologia Natural como, a medicina chinesa, perspectivas dos povos indígenas brasileiros e suas técnicas, e etc.”

“Algumas técnicas que podem ser citadas é a questão do chá, onde você pode se beneficiar dessa técnica de várias formas, tanto por chá, como por pintura, banho de assento, vaporização, escalda pés, banho de corpo, florais, e etc. Então, não existe um padrão de como funciona cada tratamento, até porque temos essa visão que cada ser tem o seu pequeno infinito particular, tem suas especificações, com isso entra o contexto individual, o que determina a questão da saúde que está se manifestando nessa pessoa, então há receitas onde não se adapta para qualquer corpo.”, finaliza Thais.

Algumas técnicas que a Thais cita acima, é do banho de assento, onde é feito um chá de alguma erva medicinal que tenha propriedades específicas de sua escolha, coloca em uma bacia (de inox ou esmaltada, pois de plástico quando aquecida solta substâncias ruins) com água morna e a mulher senta sobre o recipiente durante uns 15 minutos, e é indicado para tratar vaginoses e candidíases, por exemplo; a vaporização do útero, que é um ritual ancestral, em que se aquecem ervas específicas em uma cumbuquinha de barro (jeito tradicional), coloca umas plantas e joga água quente, o vapor gerado leva ao útero as propriedades dessas plantas, é importante colocar uma coberta cobrindo tudo para a vaporização ficar concentrada e indo direto para a vulva, pode ser utilizada para combater inflamação no útero, mioma e endometriose, só não é indicado para inflamação vaginal; escalda pés, você faz um chá das ervas de sua escolha mais concentrado, em uma temperatura bem quente, após isso deixa os pés dentro desta bacia, pode colocar sal grosso também, durante uns 20 min ou até a água esfriar.

É importante lembrarmos que a cada técnica feita, a partir de plantas e ervas, deve ser individual e de acordo com o que você deseja alcançar, então, o recomendado é, antes de fazer qualquer técnica, procurar as propriedades de cada planta ou erva para poder atingir o objetivo necessário.

A Terapeuta Holística e Artista Autônoma, Marcela Costa Rufino da Silva, comenta que, “A ginecologia natural pra mim é um meio de libertação, promove autoconhecimento e autonomia, além de ter um viés integral, as práticas integram corpo, mente e espírito, e a ginecologia convencional só me deixou marcas de traumas, não gosto de tomar remédios sem necessidade e ter autonomia sobre meu próprio corpo e minha saúde pra mim é fundamental.”.

A partir de dados coletados com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), onde no Caderno de Tendência da Associação de 2019-2020, consta que, “100% algodão e embalagem reciclável passam a fazer diferença na hora da escolha do absorvente para uma parcela cada vez maior de mulheres.”.

O caderno consta também que, uma marca nova iorquina chamada Lola, foi além, “Ela oferece absorventes internos e externos com todas as premissas ecológicas em formato de assinatura: a mulher compra pacotes personalizados, onde é possível escolher a quantidade de qual tipo de absorventes quer, fazendo um mix de espessuras e modelos para acompanhar o fluxo pessoal de cada mulher durante o período menstrual”.

Mas aqui no Brasil isso já é uma realidade também. Jéssica Maria da Silva, tem uma empresa chamada Libertalhe, onde ela confecciona absorventes de pano com diferentes estampas e tamanhos. Ela tem seu projeto da Libertalhe a aproximadamente um ano e meio. “Muita gente ainda não conhece esse mundo de absorventes de pano, é algo antigo, mas que está voltando.”

Ela completa dizendo que, “o ciclo menstrual deve ser mais ecológico e saudável, justamente por causa disso, que as pessoas estão buscando essas opções reutilizáveis, como absorventes de pano, e isso é algo que faz a gente ter autonomia da nossa menstruação e da nossa saúde ginecológica. Então, com certeza esse crescimento do absorvente de pano está muito relacionado à procura de uma menstruação mais saudável.”.

A empresária, Kevellyn Sincerré Oliveira, conta que usa os absorventes de pano há 3 anos e que foi a melhor aquisição para sua saúde e para o seu período menstrual. “O absorvente de plástico me causava alergia, irritações na região do meu órgão feminino e não me causava nenhum conforto durante a minha menstruação. Com o absorvente de pano, eu consegui reconhecer o meu corpo, consegui sentir quando o meu fluxo menstrual, passei a conhecer muito mais o meu ciclo menstrual e meu corpo.”, comenta Kevellyn.

Kevellyn complemente dizendo que, o sangue feminino não é algo sujo e ruim como muitos ainda pensam, ele é sagrado. “A questão de você conhecer seu corpo, e saber que o absorvente de pano é 100% natural, torna tudo melhor. E ainda há a questão de melhorar o meio ambiente, nós mulheres usamos inúmeros absorventes durante o período menstrual, todo mês, então isso ajuda bastante a melhorarmos o meio ambiente, deixando de usar os absorventes de plástico.”, finaliza Kevellyn.

A Dra. Bruna realça sobre os inúmeros pontos positivos da ginecologia natural, tanto pra saúde física, mental, energética, individual e coletiva, “é incrível a capacidade de cura coletiva e ancestral, foi um divisor de águas na minha vida, a minha relação comigo mesma e com os outros foi aos poucos se transformando, hoje sou uma melhor versão de mim mesma e aprendo mais a cada dia, sei do quanto é desafiador olhar para si e praticar o autocuidado, mas o fruto disso é fantástico.” finaliza.

Foto: Criador: Ksenija Purpisa | Crédito: Getty Images/iStockphoto