Taxa de desemprego durante a pandemia é maior entre as mulheres
- olhar cósmico
- 10 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
O desemprego entre as mulheres chega a ser 22% maior do que entre os homens no ano de 2020
A pandemia afetou diversos setores da economia. Porém, as mulheres chefes de família foram duramente afetadas pela nova realidade. "Só haverá melhora quando tivermos uma vacina e a retomada segura das atividades econômicas", afirma a Procuradora Regional do Trabalho, Adriane Reis de Araújo.
De acordo com Adriane, a maior taxa de desemprego das mulheres está assentada na cultura de nossa sociedade, cuja base é patriarca. Assim, as mulheres têm maior dificuldade em aceder a determinadas carreiras, como as carreiras tecnológicas, mercado financeiro, forças armadas, entre outras.
Ainda, frisa que "a divisão desigual das tarefas domésticas faz com que muitas mulheres não conseguem compatibilizar um contrato de trabalho formal e os cuidados familiares, empurrando-as a trabalhos mais precários e informais".
Segundo a Adriane, as mulheres compõem os setores mais atingidos pela interrupção das atividades, como são os setores de serviços, hotelaria, doméstico, entre outros.
"A Organização das Nações Unidas (ONU) tem incentivado os países para que adotem medidas específicas de combate a violência de gênero, violência doméstica contra mulheres e meninas e deem segurança econômica para as mulheres nesse período. Poucos foram os países que adotaram medidas amplas", destaca.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou uma diferença de 22% em prejuízo das mulheres entre pessoas brancas. Se a mulher é negra, recebe ainda menos, sendo em média menos da metade do homem branco, de 44,4%. Por isso, se as famílias têm filhos, pessoas idosas ou com deficiência para atender, nesse momento em que as escolas, creches e alguns serviços estão fechados, tendem a escolher que a mulher deixe o seu trabalho, pois a remuneração é mais baixa.
A produtora cultura, DJ e Cabeleireira, Hemoly Talita Gonçalves Sacramento de Araújo, é mãe de 2 filhas e também foi afetada no seu emprego durante a pandemia. “Durante a pandemia perdi o bico que eu fazia como garçonete tanto em restaurantes quanto quiosques, sem falar que eu não toco mais, por causa da pandemia é impossível conseguir um trabalho como DJ, se não fosse os auxílios e edital da Lei Aldir Blanc não sei o que seria de mim.”, comenta.
Hemoly diz que sempre foi a responsável financeira pelas filhas dela e da mãe, que é idosa e não tem aposentadoria, e além disso ainda sofria assédios no trabalho e sentia a diferença de tratamento com as mulheres. “Já sofri opressão dentro do trabalho, mas por parte dos clientes no meus bicos de garçonete. E quando o gerente do restaurante era homem, via mais receptividade e respeito nos comentários dos meus colegas de trabalho do que comigo ou as minhas colegas.” finaliza.
Já a administradora Lais Matos Santos, de 25 anos, sentiu os efeitos da pandemia após ser demitida da empresa em que trabalhava há cinco anos. "Me dispensaram em junho, desde então não consegui mais nada. Tenho um filho de 3 anos, é bem difícil porque somos só nós dois. Está complicado", diz.
Para ela, as mulheres foram as mais afetadas nesse período. "As pessoas acham que as nossas responsabilidades como mãe vão interferir no rendimento no trabalho. Na minha antiga empresa, por exemplo, os homens e as mulheres mais velhas, com filhos adultos, foram privilegiados na hora do corte", concluí.
Foto: Imagem pega do s

ite G1.com
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